Augusto dos anjos, o cara!
Obsessivo, pra ele o amor se transforma em ódio, certas coisas repugnância mas mesmo assim, tem um lirismo característico, um lirismo surreal.
Aqui vai a minha preferida, e uma das poucas poesias que tenho guardada na cabeça e na alma:
"Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!"
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Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera."
Incrível como descreve tão bem este mundo insano em que vivemos