Tomando whisky com o poetinha

Agonia

No teu grande corpo branco depois eu fiquei.
Tinha os olhos lívidos e tive medo.
Já não havia sombra em ti – eras como um grande deserto de areia
Onde eu houvesse tombado após uma longa caminhada sem noites.
Na minha angústia eu buscava a paisagem calma
Que me havias dado tanto tempo
Mas tudo era estéril e mostruoso e sem vida
E teus seios eram dunas desfeitas pelo vendaval que passara.
Eu estremecia agonizando e procurava me erguer
Mas teu ventre era como areia movediça para os meus dedos.
Procurei ficar imóvel e orar, mas fui me afogando em ti mesma
Desaparecendo no teu ser disperso que se contraía como a voragem.

Depois foi o sono, o escuro, a morte.

Quando despertei era claro e eu tinha brotado novamente
Vinha cheio do pavor das tuas entranhas.
(Vinicius de Moraes)

Comentários

Taddeu Vargas disse…
Olá Nancy, parabéns pelos textos, são muito bons!
Sua escrita derrama o que sua alma sente! É muito bonito!
"Do you wanna dance" é um lindo texto e me lembra Johnny Rivers, que por sinal canta hoje aqui em Porto Alegre, um ícone do Rock'n roll mundial.
Ganhasse um leitor minha amiga. Estarei por aqui com freqüência.
Abraço forte!
Nancy disse…
Po, muito obrigada mesmo!
Que bom saber que meus textos transparecem tudo isso.
Apareça sempre!

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